O turismo é um importante vetor de desenvolvimento econômico, seja em países, estados, regiões ou cidades. As atividades do setor muito contribuíram para o aumento de 2,9% no ano passado, do IPB (Produto Interno Bruto) do Brasil, foi o que constatou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). De acordo com a autarquia federal, o setor de serviços foi o segmento econômico que mais cresceu, com destaque para o turismo, como também aponta a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em Minas, de acordo com a Fundação João Pinheiro (FJP), houve uma maior participação no PIB brasileiro das duas últimas décadas, cerca de 9,3%, com um volume de aproximadamente R$ 925 bilhões, em 2022 As causas desse bom desempenho estão diretamente ligadas ao crescimento do setor de serviços, com destaque dentro do seguimento para o turismo.
Apesar do enorme potencial, o turismo no Vale do Aço ainda é subutilizado, podendo ampliar significativamente sua participação na economia local. Com o mercado aquecido em função dos investimentos de grandes empresas, do crescimento do setor imobiliário e de avanços nas questões logísticas, com a pavimentação da LMG 760 e a duplicação da BR 381, o momento é propício para o avanço no turismo regional.
Para Renato Martins, presidente do Convention & Visitors Bureau (VAC&VB) no Vale do Aço, o momento é bom para atrair investimentos. “Estamos ofertando o Vale do Aço como destino de eventos, apresentando portfólio dos empreendimentos, obtenção de recursos via editais e constituição de rotas e apoio aos roteiros já existentes”, enumera.
Renato, que também é diretor da Armva (Agência da Região Metropolitana do Vale do Aço), um braço do governo estadual, falou sobre os trabalhos de fomento ao turismo.”Um ponto fortíssimo que estamos trabalhando é a execução do plano diretor do aeroporto regional, que é um equipamento primordial para chegada de turistas,; o apoio ao Parque Estadual do Rio Doce, que tem a participação da Armva em várias atividades; o trabalho dentro dos roteiros, principalmente, a rota de ciclismo Vales dos Tropeiros, que estamos criando e trabalhando junto a cinco municípios – Timóteo, Marliéria, São Domingos do Prata, Dionísio e Antônio Dias -, com participação do Sebrae, Agência RMVA, VAC&VB, CTMAM e APL de Turismo”.
Questionado sobre o que poderia ser feito para melhorar a estrutura do turismo dentro de uma filosofia metropolitana, Renato apontou alguns caminhos: “A primeira questão é diálogo e construção de um consenso, o segundo é apoio das atividades e projetos que já existem, não estamos inventando a roda, e sim aproveitando a construção coletiva do município com o governo de Minas e as instituições da região, além do fortalecimento dos circuitos e a história da região que é muito rica,” disse.
Aventura
De acordo com o empresário Adriano de Oliveira, diretor do Esporte do Vale, empresa com experiência em ecoturismo e turismo de aventura, a região é rica em possibilidades. “Tem muito potencial aqui com vários atrativos naturais. Podemos praticar qualquer atividade ao ar livre como: atividade aquáticas, Stand Up paddle, caiaque, rappel , trekking, cicloturismo, trail Run, acampamentos monitorados, slackline, patins, skate e outros”, enumera Adriano. O paraglider também é muito praticado na região, que oferece um cardápio amplo para os amantes de aventura e da natureza.
Adriano salientou as deficiências na infraestrutura básica para o fomento do turismo regional. “Falta investimento do poder público e privado na melhoria dos acessos aos pontos turísticos, placas de sinalização e estradas melhores. Se cada um fizer a sua parte iremos andar mais rápido”, acrescenta. Ele citou algumas ações em andamento como, por exemplo, a Rota do Mutum, que acontece em Ipaba e é realizada por Ana Cleide Eventos, este ano com apoio da Fundação Renova. Trata-se de uma rota com recepção acolhedora, natureza, história e culinária local que mostra algumas das riquezas da região. Há ainda outros roteiros estabelecidos como o Ipatinga Rural que acontece no próximo dia 21 de abril.
Ligação
O jornalista, publicitário e empresário Mário Carvalho Neto, da Revista Caminhos Gerais é um grande conhecedor das belezas do estado em função das suas reportagens. Mário também enfatiza a riqueza das belezas naturais do Vale do Aço, mas acredita que antes de tentar atrair turistas, é preciso mostrar esse potencial para população local: “É preciso mostrar à população da região quais são estes potenciais e como eles devem ser explorados antes de promovê-los para o pessoal externo. O turismo além de ser uma atividade essencialmente coletiva, e ter como ferramenta principal o marketing, é necessário um bom plano de divulgação e de convencimento, para que além de conhecer o próprio potencial, deve-se também apropriar- se dele, isto é, cultivar o pertencimento deste potencial”, defende o empresário.
Mário, cuja avô, de quem herdou o nome, batiza a estação ferroviária de Timóteo, também comentou sobre algo comum nas cidades que conseguem explorar seu potencial turístico, de acordo com cada particularidade. “O Vale do Aço tem suas peculiaridades que devem ser identificadas como potenciais de grande valor. Basicamente, todos os atrativos turísticos exigem bom atendimento, segurança, fácil ir e vir, e cuidado do povo com seus atrativos, porém o mais importante é ter a cultura sobre o atrativo. Por exemplo, tem muita gente que vê o Perd (Parque Estadual do Rio Doce) como um “mato”, um lugar pra ver macaco. É preciso disseminar a grandeza do Parque, como os diamantinenses (moradores de Diamantina) conhecem a grandeza de sua história,” disse.
Para ele, o turismo precisa ser tratado com mais seriedade pelo poder público, face ao seu potencial de desenvolvimento. “O turismo deve ser política pública como saúde e educação, por gerar renda e receita é uma política de desenvolvimento. O poder público tem as ferramentas mais eficazes para incrementá-lo, como equipamentos, mão de obra, recursos, gerência e etc. Sem o poder público o turismo patina. Há diversos tipos de empreendimentos que dependem de parcerias. Além do poder público, as esferas competentes como o Comtur, os circuitos turísticos, os conselhos culturais e outras instâncias como o Sebrae devem ser aliados”, sugeriu.
Fotos: Rodrigo Zeferino e Nilmar Lage