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Santa Maria, Minha Querida
Ah, Santa Maria! Não é uma cidade, é um convite. Um daqueles que se recebe em papel amarelado, com letra miúda e cheiro de café passado. Fica ali, escondida no mapa de Minas, entre serras e histórias, como quem não quer nada. Mas quem chega logo descobre: ela tem o dom de ficar na memória, como o sabor do pão molhado que teima em grudar no céu da boca.
Os santamarienses — ou será santamarienses? — sabem que a festa não é só no prato, embora o pastel de angu dê um show à parte. A verdadeira festa está nas ruas, quando os marujos desfilam sua fé em Nossa Senhora do Rosário, padroeira que divide o altar com o som dos tambores e o colorido das barraquinhas. E se o rosário é devoção, a Cavalgada é pura algazarra. Os cavaleiros chegam como heróis de um causo qualquer, e a cidade para. Até os cachorros latem no ritmo da sanfona.
Mas Santa Maria não vive só de folia. Ela tem o silêncio das cachoeiras, a sombra generosa da Mata Atlântica, o segredo das rendas feitas por mãos que tecem mais que linhas — tecem tempo. Quem leva uma colcha de patchwork ou um tricô circular não está levando um souvenir, está levando um pedaço desse lugar que insiste em ser simples, mesmo quando esbanja beleza.
E assim ela segue, minha Santa Maria, entre missas e cavalos, entre bordados e angu. Entre versos e valsas, entre pincéis e partituras. Porque essa terra pequena no tamanho, mas enorme no coração, também é berço de gigantes.
Como Márcio Sampaio, filho ilustre que nasceu em 1941 e levou o nome da cidade para o mundo das artes — jornalista, poeta, curador, professor, um homem que pintou Minas em telas e palavras, do Barroco às páginas de Drummond.
Ou José Duduca de Morais, o compositor nascido em 1912, falecido em 2002, e que, em 1942, compôs o hino afetivo de Minas, “Oh, Minas Gerais!”, feito de saudade e sanfona, mesmo que a vida não lhe tenha dado o reconhecimento em vida que merecia.
Santa Maria é isso: um lugar que cabe na palma da mão, mas não cabe no peito de quem a conhece. Quem sabe um dia eu volto? Mas, se não voltar, ela já está aqui, neste cantinho da memória onde guardo as coisas que não têm preço — os cheiros, os sabores, os versos, as notas e os nomes que fizeram dela mais que um ponto no mapa: fizeram dela história.
Diogo Santos Oliveira
Renata Duarte Tomaz
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