Mais três locais passarão a compor o inventário de bens culturais e patrimoniais de Ipatinga. Segundo o prefeito Gustavo Nunes, que fez questão de fazer o anúncio, esses bens são duas locomotivas e um martelo, que representam etapas marcantes da trajetória de 60 anos da cidade, a ser comemorado no próximo ano.
Fabricadas no Japão, as duas locomotivas inventariadas são de propriedade da Usiminas: a D203, produzida em 1960, pela Nigata, e a D405, de 1973, feita pela Hitachi. A primeira delas esteve exposta por um longo período nas imediações da portaria 1 da siderúrgica, no Centro, sendo depois transportada para o Centro de Memória Usiminas, o antigo Grande Hotel, no Castelo. A segunda pode ser vista junto às ruínas da antiga Estação de Pedra Mole, próximo ao encontro das águas dos rios Doce e Piracicaba, entre os bairros Cariru e Castelo.
Todos sabem que a história da indústria ferroviária está intimamente ligada ao desenvolvimento de Ipatinga, de modo especial à Usiminas. Por isso, conhecer as primeiras locomotivas usadas pela siderúrgica nas décadas de 1960 e 1970 é uma viagem ao tempo em que a usina iniciava sua operação (26 de outubro de 1962), vindo a se consolidar como uma das maiores fabricantes de aços laminados do mundo.
O martelo e a estaca inventariados também lembram um episódio marcante da história municipal: foram utilizados durante a cerimônia de lançamento da pedra fundamental de construção da Usina Intendente Câmara, em 16 de agosto de 1958, com a presença do então presidente da República, Juscelino Kubitschek; do engenheiro Amaro Lanari Júnior, segundo presidente da Usiminas; do embaixador do Japão no Brasil, Yoshiro Ando; do arcebispo de Mariana, Dom Helvécio, e do então governador de Minas, José Francisco Bias Fortes, entre outras autoridades de destaque.
O inventário
O inventário é um instrumento de política cultural voltado para o conhecimento e identificação de bens culturais. É uma forma de proteção que permite resguardar o registro das peculiaridades dos bens culturais, contribuindo assim para a preservação da história das comunidades.
Por meio do inventário é possível identificar as referências culturais e, consequentemente, documentá-las. A importância da documentação das referências culturais pode ser verificada de diversas maneiras: enquanto preservação da memória de determinadas práticas culturais; como forma de reconhecer as mudanças ocorridas ao longo do tempo; como produção de conhecimento para as futuras gerações; divulgação da diversidade cultural; e, inclusive para a proposição de políticas públicas.
Ipatinga conta com leis de proteção do Patrimônio Cultural e, também, com o Plano de Inventário de Proteção do Patrimônio Cultural, por meio do qual, anualmente, o município deve inventariar e divulgar uma lista de bens culturais.
O município também realiza o inventário participativo através do projeto “Nos Trilhos do Patrimônio”, onde comunidade, alunos e professores indicam bens de relevância que merecem ser protegidos. Essa indicação é apresentada e avaliada pelo Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Artístico de Ipatinga (Comphai), onde se define acerca da proteção.