Viva Jaguaraçu 72: Não é só destino, é permanência!

Jaguaraçu fez 72 anos num desses dias em que a cidade parece acordar mais cedo. As ruas, ainda bocejando, sabiam: não era só aniversário. Era também o dia em que a cidade se deixaria desenhar. Não com linhas duras de engenheiro, mas com curvas de afeto. Lançou-se ali o primeiro mapa turístico — e convém dizer logo: não é mapa desses que apenas apontam caminhos. É mapa que escuta. Escuta o passo do visitante, o canto do quintal, o silêncio da serra. Um mapa que, como diria Guimarães Rosa, não leva só de um ponto a outro, mas de um estado de espírito a outro.

A coordenadora de Comunicação da prefeitura, Tarciane Christiny, resumiu com delicadeza o que o papel não diz sozinho: o mapa não mostra apenas direções, oferece convites. Convite para chegar devagar, para olhar melhor, para perceber que Jaguaraçu não se atravessa — se vive. Ele guia por caminhos onde a hospitalidade não é placa, é costume; onde a história não está em museu, mas na conversa; onde a ancestralidade não se explica, se sente.

O prefeito Márcio Lima de Paula fala do turismo como quem fala de vocação antiga, dessas que não se inventam em gabinete. Jaguaraçu, diz ele, já nasceu inclinada para isso. As paisagens abertas, o clima de montanha — tão procurado nestes tempos em que o calor anda nervoso —, a comida que vem de longe no tempo, as festas, e sobretudo o povo. Sempre o povo. Gente que recebe sem ensaio, que abre a porta antes da pergunta. Jaguaraçu quer ser conhecida no Vale do Aço, em Minas, no Brasil, não como novidade, mas como reencontro: um lugar onde se chega e se pensa em voltar.

Há cidades que precisam de muito esforço para parecer especiais. Jaguaraçu não. A natureza, as montanhas, os vales, cuidaram disso antes. A história também. Some-se a isso as festas que fazem o calendário pulsar e uma habilidade rara de receber bem, e está pronto o terreno para uma economia que nasce da imaginação, da cultura, daquilo que não se esgota quando se compartilha. Turismo aqui não é exploração; é conversa longa, dessas que rendem café.

Com clima ameno o ano inteiro, jeito interiorano que resiste, proximidade com o barulho industrial do Vale do Aço — como quem oferece refúgio sem se isolar do mundo —, ruralidade viva, produção artesanal que atravessou gerações, diversidade cultural e comida que guarda memória: Jaguaraçu vai se revelando como promessa firme, dessas que não fazem alarde, mas cumprem.

Há ainda o detalhe geográfico que não é mera coincidência: Jaguaraçu é porta de entrada do Parque Estadual do Rio Doce para quem vem pela BR-381. Porta, aliás, é palavra justa — porque não se trata de limite, mas de passagem para algo maior.

Sabendo disso tudo, a prefeitura resolveu não deixar o destino à deriva. Investiu. Planejou. Criou políticas públicas que entendem o turismo como construção coletiva. O “Mapa Viva Jaguaraçu Turístico”, lançado junto às comemorações do aniversário da cidade, cabe no bolso, mas aponta para um mundo inteiro. Soma-se a ele o portal digital Viva Jaguaraçu, que responde às perguntas básicas de todo viajante — onde comer, onde ficar, o que fazer — sem tirar o prazer da descoberta, destaca a assessora de Turismo Betinna Tassis, que acompanhou de perto, com olhos de lince, todo o processo. “É um convite para que o turismo possa conhecer e desfrutar o que Jaguaraçu tem de melhor.”

O mapa, produzido pela MCN Comunicação, carrega experiência de quem já desenhou muitos caminhos por Minas afora. Mas aqui, mais do que técnica, houve escuta. Jaguaraçu não cabe em moldura apressada. O assessor de Desenvolvimento Econômico, Hernani Bitencourt, lembra que grandes regiões metropolitanas sempre têm ao redor cidades que se tornam respiro, descanso, lazer. Jaguaraçu, nas proporções que lhe são próprias, ocupa esse lugar com naturalidade: tranquila, amena, hospitaleira. Um negócio sustentável, diz ele, que envolve muita gente — e isso é quase um elogio moral.

Já o secretário de Turismo e Cultura, Luiz Carlos Francisco, observa que o tempo ajuda. A duplicação da 381 se avizinha, abrindo caminhos para novos investimentos. Jaguaraçu se adianta, estrutura, prepara. Integra a rota “Vales dos Tropeiros Cicloturismo”, onde o visitante pedala por trilhas antigas, dessas que guardam fazendas centenárias e histórias que não cabem em placa explicativa. Pedalar ali é quase folhear um livro sem pressa.

Com o portal, o mapa, as capacitações do Sebrae-MG, a cidade vai se afirmando — passo firme, sem atropelo — como um dos destinos mais promissores do leste mineiro.

No cicloturismo, Jaguaraçu já está sinalizada, pronta para receber quem prefere conhecer o mundo na cadência do próprio fôlego. São mais de 200 quilômetros de rota, ligando municípios, memórias e paisagens. Muito antes disso, porém, Jaguaraçu já sabia receber bem, como mostram empreendimentos de alto padrão que se instalaram ali quando turismo ainda não era palavra da moda.

E há a comida. Sempre a comida. Porque cidade alguma se explica sem seus sabores. Em Jaguaraçu, comer é lembrar. Os queijos, a geleia de mocotó com rapadura, a linguiça, as quitandas, o doce feito no fogão a lenha, a comida simples do restaurante que conhece o cliente pelo nome, a rapadura e o açúcar mascavo da fazenda. São sabores que resistiram ao tempo e devolvem ao visitante uma infância que talvez nem tenha sido ali, mas poderia.

No fim das contas, o prefeito Márcio volta ao ponto essencial: Jaguaraçu está pronta! Não apenas porque tem atrativos, mapas, rotas e projetos. Está pronta porque tem gente. Gente que sorri fácil, que oferece cadeira, que transforma visita em permanência afetiva. E talvez seja isso que o mapa, silenciosamente, mais ensina: em Jaguaraçu, o melhor caminho é sempre o humano!

Fotos: Elvira Nascimento, Pedro Silva e Mário de Carvalho Neto

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